Clube do Leitor BR: José Roberto, Overdone mistura ficção e realidade de maneira cinematográfica, abordando o universo da estética e da ciência. Como nasceu a ideia de unir esses dois mundos — o da beleza e o da ética científica — em uma só narrativa?

José Roberto da Costa Pereira: Esse cenário já nasceu desde a concepção, uma vez que para tornar a ficção verossímil, foi necessário ter uma visão do lado da Ciência e da vaidade. De fato, o livro é quase um roteiro de um filme ou até de uma série.

Clube do Leitor BR: Um dos pontos mais fascinantes de Overdone é a crítica sutil à vaidade humana — não apenas estética, mas existencial. Como você equilibrou essa reflexão sem transformar a obra em um julgamento moral?

José Roberto da Costa Pereira: Bem observado. Este foi um tema difícil porque para o atentado dar certo era necessário ter um culto à vaidade porém sempre tive o cuidado de não fazer uma crítica social, visto que a idéia não era entrar nesse julgamento.

Clube do Leitor BR: A cidade de São Paulo aparece quase como um personagem da trama — viva, contraditória e intensa. O que essa ambientação representa dentro do livro?

José Roberto da Costa Pereira: Esse livro envolveu bastante pesquisa para dar mais riqueza à narrativa e dar oportunidade às pequenas inverdades. A cidade de São Paulo teve mais destaque por ser sempre o ponto de chegada e de partida do protagonista mas outras cidades também foram bem descritas, como Paris. Nova York, Berlim, Seoul, Viena e outras regiões como o norte de Portugal.

Clube do Leitor BR: “A beleza não mata. Ela revela.” — essa frase sintetiza a mensagem central de Overdone. O que, para você, a beleza revela em nossa sociedade atual?

José Roberto da Costa Pereira: A beleza revela nossas obsessões, inseguranças e aspirações. Ela expõe padrões impostos, mas também escancara desejos de pertencimento, poder e identidade. É espelho e máscara ao mesmo tempo.

Overdone – A Beleza que Mata é um espelho contemporâneo sobre os limites da vaidade e os riscos da manipulação da ciência. Um livro que provoca, emociona e nos faz refletir sobre a tênue linha entre o que desejamos ser — e o que estamos dispostos a fazer para alcançar isso.

Entrevista realizada pelo Clube do Leitor BR — espaço de afeto, leitura e voz para escritores contemporâneos.