Escrito por Laura Vieira, Eldravar e a Maldição do Cavaleiro é um mergulho intenso em um mundo onde o bem e o mal não estão em lados opostos — estão fundidos dentro de cada personagem. Com uma ambientação sombria, criaturas míticas e conflitos existenciais, o livro é uma joia da dark fantasy nacional que envolve, surpreende e emociona.
Logo nas primeiras páginas, somos levados ao coração do dilema do cavaleiro Tadeu Valmont, convocado pelo Rei Henrique III para uma missão impensável: exterminar os dragões sagrados de Eldravar. Mas o que seria apenas mais uma tarefa de honra se revela um tormento interior. Valmont não enfrenta apenas bestas lendárias — ele luta contra o peso de sua criação, sua lealdade cega e, sobretudo, sua consciência.
O grande acerto da autora está na construção psicológica dos personagens. A narrativa não é feita apenas de batalhas físicas, mas de guerras internas, escolhas ambíguas e diálogos carregados de tensão. O uso da primeira pessoa aproxima o leitor do protagonista, fazendo-nos sentir cada hesitação, cada arrependimento, cada corte — literal ou emocional.
Destacam-se também o humor ácido da bruxa Cordélia, a ambiguidade moral do rei, a amizade leal de Roberto e, claro, os dragões — criaturas tratadas não como monstros, mas como seres místicos e profundamente simbólicos.
Além da escrita fluida, o livro equilibra bem ação, drama e fantasia, com cenas de combate empolgantes, pausas contemplativas bem escritas e reviravoltas que mantêm o ritmo. A metáfora do cavaleiro que nunca escolheu seus passos até o dia em que “bebe o feitiço” para se tornar mais forte é poderosa e nos convida a refletir: até que ponto vale a pena ser fiel ao poder que corrompe?
Ao final, Eldravar entrega muito mais que um enredo de fantasia: oferece uma reflexão sobre liberdade, identidade e poder. É uma leitura intensa, corajosa e extremamente bem desenvolvida para fãs do gênero.
Eu compreii, estou ansioso para ler, obrigado pela dica!