Livro
Overdone – uma história onde ciência e vaidade se cruzam

Ficha Técnica

Título: Overdone: A Beleza que Mata
Autor: José Roberto da Costa Pereira
Editora: Literare Books International

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Alguns livros não se contentam em contar uma história. Eles nos arrastam para dentro de um mundo onde cada detalhe — do trânsito lento de São Paulo ao balcão empoeirado de um bar esquecido — é um convite a refletir sobre quem somos e até onde estamos dispostos a ir em busca de ideais que nem sempre são nossas. Overdone – A Beleza que Mata, de José Roberto da Costa Pereira, é exatamente esse tipo de obra.

Logo nas primeiras páginas, somos conduzidos pela voz de Roberto Dias, um ex-representante da indústria farmacêutica que dedicou quase duas décadas à promoção de tratamentos estéticos. Suas memórias se desenrolam pelas ruas da capital paulista, repletas de lembranças de consultórios, conversas e histórias que marcaram uma carreira inteira. Mas essa não é apenas a trajetória de um homem que viveu intensamente sua profissão — é o ponto de partida para uma trama muito maior.

Com uma escrita afiada e cinematográfica, o autor mistura ficção e realidade de forma elegante, usando o universo da estética como pano de fundo para discutir algo mais profundo: os limites éticos da ciência, a fragilidade das nossas escolhas e o poder que o conhecimento pode exercer quando cai em mãos erradas. Ao longo da narrativa, a experiência de Roberto, antes usada para promover avanços no cuidado e no bem-estar, se torna peça-chave em um enredo de tensão, mistério e dilemas morais.

O grande mérito de Overdone está justamente aí: o livro não condena a estética, nem critica a medicina — pelo contrário, reconhece sua importância e celebra sua evolução. O que a obra faz é usar esse cenário como espelho das nossas contradições. Afinal, qualquer área do conhecimento humano pode ser nobre ou perigosa, dependendo de quem a conduz e com quais intenções.

Entre memórias nostálgicas, reencontros inesperados e decisões que mudam destinos, o autor constrói um thriller contemporâneo que prende do início ao fim. A narrativa provoca, instiga e emociona, convidando o leitor a refletir sobre o que há por trás da busca pela perfeição — não como sentença, mas como pergunta aberta sobre a nossa própria humanidade.

Em Overdone, a beleza não mata. Ela revela. E o que descobrimos nesse espelho literário pode ser muito mais profundo do que qualquer ruga ou traço no rosto: trata-se de olhar para dentro e questionar o que realmente nos move.

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