“Santo Antônio dos Caetés” é uma obra profundamente poética e carregada de simbolismos, escrita com o lirismo de um contador de histórias que mistura memória, identidade e tragédia. José Rosival cria uma narrativa envolvente, marcada pelo realismo mágico, onde o cotidiano se entrelaça com o mítico e o épico, oferecendo uma leitura que toca tanto o sensível quanto o histórico.
A trama se passa na fictícia vila de Santo Antônio dos Caetés, uma comunidade litorânea marcada por sua ligação com a natureza e seus conflitos com os índios Murunhuns — povo indígena temido e respeitado. A chegada do Barco Corveta, enviado pelo Império, desencadeia uma série de acontecimentos que culminam em um embate violento entre os interesses expansionistas imperiais e a resistência indígena.
O protagonista simbólico da história é Pedro Limo, um homem entre dois mundos: alfabetizado, conhecedor da cidade grande, mas ainda profundamente ligado à sua terra e às raízes indígenas. Sua presença costura a narrativa, servindo de ponte entre o saber popular e o mundo oficial. Outro personagem marcante é o Comandante Jader Afonso, figura ambiciosa que representa o poder do Império e sua lógica destrutiva.
A narrativa é rica em descrições sensoriais, com passagens que se aproximam da linguagem cinematográfica. Há um contraste potente entre o mar e a floresta, entre os brancos e os indígenas, entre a memória e o esquecimento. A escrita de José Rosival é carregada de imagens e metáforas, como na figura da “grande serpente negra”, símbolo da espiritualidade indígena e elemento-chave na estratégia de dominação imperial.
O ponto alto do romance é o massacre dos Murunhuns — descrito com crueza, dor e poesia. É um momento devastador que denuncia, com sensibilidade, a violência colonial e a destruição dos saberes ancestrais. A cena final, marcada pelo lamento do velho Sato e o silêncio imposto pelos militares, é um verdadeiro grito literário contra o apagamento cultural.
Santo Antônio dos Caetés é uma obra que reverbera no leitor mesmo após o fim. É, ao mesmo tempo, uma denúncia histórica, um canto poético e uma celebração da resistência. José Rosival dá voz aos silenciados e desafia o leitor a refletir sobre identidade, pertencimento e justiça.
Gostei muito da sua resenha, a premissa dessa obra é muito boa, estou encantada
Gostei da resenha. A premissa do livro é bem interessante e eu como ainda não li algo assim fiquei curiosa para conhecer.
A resenha é maravilhosa. Fiquei bastante curiosa e instigada para ler a obra. Como boa amante de realismo mágico, é sempre bom descobrir autores nacionais que escrevam sob está perspectiva literária. Adorei! Ansiosa para ler!
Saber que a história trás uma narrativa sensorial foi uma das coisas que mais me agradou. Sua opinião sobre a leitura como um todo mostra que a leitura vai muito além das páginas do livro. Gosto muito de obra que causam essa imersão no leitor.
Eu adorei a resenha! Me intrigou muito essa questão mais mística com a natureza!
Fiquei com vontade de ler. Só a leitura da resenha já me conquistou. Amei.
A partir desta resenha, despertou ainda mais a vontade de ler esse livro.
Me deu vontade de ler! Já quero incluir como a minha próxima leitura do mês 📚